sexta-feira, 15 de junho de 2012

ORIGENS DA BRUXARIA


Origens da Bruxaria
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Bruxaria e humanidade andam juntos. A condição humana se constitui pela interação de um conjunto de características e faculdades, físicas e psíquicas. Sem estas qualidades, não há ser humano. Ser dotado de pensamento é tão essencial na configuração do ser humano como possuir polegares antepostos, postura ereta etc. e, uma vez pensante, há de possuir uma infinidade de possibilidades da mente que reflete sobre o físico e o metafísico; sobre o visível e sobre o invisível; sobre o aqui e o além, o antes, o agora e o depois. A Bruxaria nasce exatamente a partir deste tipo de pensamento e desta forma, ser Bruxo ou Bruxa é inerente a Ser Humano. O "pensamento mágico" é o produto de uma rede de pensamentos sobre todas as coisas que estão além do conhecimento objetivo, do visível nos fenômenos.
A origem da bruxaria está nos problemas metafísicos da raça humana. Os primeiros bruxos e bruxas foram indivíduos que escolheram empregar sua ousadia, seu tempo e sua inteligência, memória e capacidade de observação na solução de problemas nos quais as relações diretas de causa e efeito não são perceptíveis, são ocultas à observação direta. As preocupações físicas do homem atual são, conceitualmente, quase as mesmas dos ancestrais pré-históricos e atentam à manutenção da vida: sustento (comer, beber, vestir, emprego, dinheiro etc.), abrigo (casa), sexo e engajamento social (proteção de um grupo). Algo semelhante ocorre com as preocupações metafísicas, de fundo escatológico (finalista), assombrações do fantasma da morte. A morte ocupa a mente humana desde o Homem de Neanderthal. Uma tumba rudimentar foi uma das primeiras descobertas arqueológicas relacionadas a este tipo ancestral, que existiu há cerca de 100 mil de anos, coexistiu e se miscigenou com a espécie Homo Sapiens:
Antes que o Paleolítico chegasse ao fim, o homem de Neanderthal alcaçava um certo progresso cultural. Nas entradas das cavernas em que vivia ...descobriram-se eiras (área de solo batido) em que era trabalhado o sílex e lareiras de pedra, onde, ao que parece, eram alimentadas enormes fogueiras. Isto sugere a origem da cooperação e da vida grupal ...Maior significado, porém, possui a prática neanderthalense de dispensar cuidados aos defuntos, enterrando-os em sepulturas rasas junto com utensílios e outros objetos de valor. Isso indica, talvez, o desenvolvimento de um sentimento religioso ou, pelo menos, a crença em alguma espécie de sobrevivência após a morte.
Tais práticas são encontradas ainda mais sofisticadas em habitats dos Homens de Cro-Magnon. Existem provas suficientes de que o homem de Cro-Magnon tinha idéias muito evoluídas sobre um mundo de forças invisíveis. Dispensava mais cuidados aos corpos dos defuntos que o homem de Neanderthal, pintando os cadáveres, cruzando-lhes os braços sobre o peito e depositando, nas sepulturas, pingentes, colares, armas e instrumentos ricamente lavrados. Formulou um complicado sistema de magia simpática destinado a aumentar a provisão de alimentos. A magia simpática baseia-se no princípio qde que imitando um resultado desejado, se produz esse resultado.
Seguindo este princípio, o homem de Cro-Magnon fez pinturas nas paredes de suas cavernas representando a captura de renas, nas caça; ou esculpiu a imagem do urso das cavernas com o dorso transpassado por azagaias. Modelou bisões e mamutes em argila de depois mutilou-os com golpes de dardo. ...Encantamentos e cerimônias acompanhavam, talvez, a execução das pinturas e imagens e, é provável, que o trabalho de produzí-las fosse realizado enquanto a verdadeira caçada estava em andamento. ...O significado da arte do homem das cavernas esclarece muitas questões relativas à mentalidade e aos costumes primitivos.
Mas as principais obras de arte dificilmente teriam sido produzidas com o fim de criar coisas belas. As melhores pinturas e desenhos, geralmente, se encontram nas paredes e tetos das mais escuras e inacessíveis partes das cavernas. Há sinais que o homem de Cro-Magnon olhava com grande indiferença o aspecto artístico de suas obras de arte. Muitas vezes usavam a mesma superfície para uma nova produção. O importante não era a obra acabada em si mesma, mas o ato de fazê-la. Para o homem paleolítico a verdadeira finalidade da arte era tornar mais fácil a luta pela existência. O próprio artista não era um esteta mas um mágico e sua arte era uma forma de magia destinada a promover o êxito de um empreendimento. 

A consciência da morte e as idéias especulativas sobre a morte, esta é mais uma característica da condição humana. Todos os fenômenos que ameaçam a vida despertam terrores: as doenças, as catástrofes, violências da Natureza, o sofrimento, dores do corpo e da alma, o destino. São problemas que a agricultura, o pastoreio, a engenharia, a arquitetura, a tecelagem e olaria, não resolvem. Uma comunidade humana precisa de especialistas em dificuldades metafísicas. Os armeiros cuidam de prover os equipamentos de guerra; os caçadores providenciam alimento; os artesão, utensílios e assim por diante.
O feiticeiro, a feiticeira, cuida da tristeza, cuja causa ninguém alcança; cuida da sorte, que ninguém pode prever; cuida da dor na cabeça, cuja fonte ninguém enxerga. Por suas atribuições, o feiticeiro é um especialista em palavras, com suas fórmulas verbais, seus cantos; em performances gestuais, com seus rituais, suas danças; mas também é um botânico conhecedor das propriedades de ervas e outras substâncias; e um artista, que freqüenta as profundezas das cavernas para reprodutuzir nas paredes rochosas, como quem cria realidades, o retrato do própro futuro, situações de vitória e derrota envolvendo homens, mulheres e animais.
A bruxaria foi a primeira religião, a primeira arte e a primeira das ciências humanas e naturais da humanidade. Suas práticas estão presentes em todos os núcleos primitivos de desenvolvimento de sociedades humanas em todo o planeta. Não há império, cultura ou nação cuja história não contenha bruxaria. Porque a bruxaria é a religião e a ciência cotidianas do povo; é maneira como as pessoas simples lidam com a metafísica dos fenômenos: a doença, o sofrimento, o inimigo invisível, a morte. Bruxos e Bruxas existem na China, Japão, Índia, Leste Europeu, Países Baixos, Francos, Anglo-saxões, Íberos, Mediterrâneos, Árabes e Israelenses, Norte-americanos, aborígenes do Pacífico, brasileiros, argentinos, cubanos.
A essência é a mesma: a Bruxaria, em todos os lugares, consiste em agir sobre a realidade (ou sobre o problema), presente ou futura, por meio de "simpatias", ou melhor, estabelecendo "simpatias". A SIMPATIA é um contato; é um meio de relação com o objeto através do pensamento simpático manifestado por gestos que guardam analogia com o que se pretende. O "pensamento simpático" é uma idéia concentrada, intensa, dirigida ao objeto ao qual se refere e ao efeito que se pretende produzir. Por isso, no simbolismo das SIMPATIAS, são usadas substâncias e executadas ações tidas como atrativas ou repulsivas de acordo com o senso geral. Mel, flores e cores alegres para casos de amor; fotos queimadas e bonecos de cera espetados, velas negras, nomes costurados na boca de sapos, para ações de ódio ou rejeição. É o mesmo princípio do feiticeiro pré-histórico, que agia por analogia, combatendo e matando o bisões e antílopes traçados na parede da caverna; ou reproduzia um homem com o falo destacado e uma mulher gorda de grandes seios, quando desejava promover o aumento de uma prole.

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