sexta-feira, 15 de junho de 2012

BRUXARIA & RELIGIÃO

BRUXARIA & RELIGIÃO
Como religião, em seu sentido mais popular, a bruxaria, sem dúvida, corresponde a uma abordagem primitiva, simplista, dos problemas metafísicos, das questões existenciais. Entretanto, a bruxaria é, inegavelmente, a semente de todas as religiões. A reflexão sobre os fenômenos mágicos conduziu pessoas mais vocacionadas ao pensamento teológico, cuja primeira expressão é a personificação das forças naturais, do destino. A personificação consiste na concepção de divindades, os deuses, entidades superiores ao homem que governam todas as coisas que fogem ao controle da ação humana direta.
Ainda no neolítico, a teologia, o pensar em deuses, emergiu na mente humana. Desde então, pouco a pouco, a religião passou a ocupar um lugar mais prestigiado que a bruxaria, diante dos poderes das organizações sociais e, já nos primórdios dos tempos históricos, os grandes impérios eram Estados teocráticos, como na Mesopotâmia e Egito, por exemplo. A bruxaria sobreviveu como religião popular e informal, composta pelos sincretismos de crenças mundiais e milenares e até hoje, mesmo depois de passar por severas perseguições, convive, um tanto clandestina, em meio à credibilidade socio-oficial das ciências e das grandes religiões. Mas a magia popular é tão antiga e tão enraizada nas culturas de todo os povos que se tornou quase invisível em pequenos gestos do dia a dia.
São exemplos destas práticas pouco notadas como herança da bruxaria: bater na madeira três vezes para anular uma má influência; o sinal da cruz, o se benzer, substituindo outros gestos mais antigos; a vassoura atrás da porta para espantar visita indesejável; o uso de velas a fim de obter proteção e realizar desejos; uso de amuletos; adoção de certas plantas ornamentais pelas virtudes mágicas associadas, como o alecrim, a arruda, o manjericão, a espada de São Jorge; preferência ou rejeição por certas cores, roupas e objetos ligados a êxitos e fracassos; o hábito mental de manter uma idéia fixa a fim de interferir no visível através do invisível (o pensamento); a crença no "olho gordo" ou "olho de seca pimenteira".

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